segunda-feira, 26 de julho de 2010

Afinal, qual é o princípio da Acupuntura?








A Acupuntura é uma arte tradicional dos "povos do meio", digamos, os chineses.
É baseada no princípio de que a vida é uma polaridade dinâmica. Esta concepção dinâmica da vida mostra que existe uma polaridade intrínseca em nossa formação, constituição e consciência.
De um lado as essências chamadas Yin e de outro as chamadas Yang.
A vida cuida de estabelecer relações das quais nos alimentamos e conduzimos, integrando estas duas essências primordiais e portanto expressando quaisquer modos de vida intermediariamente entre os opostos.
Segundo a tradição, nada é Yang ou Yin de forma absoluta. Cada elemento da vida possui ambas características. Alguns expressam mais uma forma, destacando uma porção preferencial o que significa excluir a porção complementar.
A energia celestial ou a que vem de cima é considerada predominantemente Yang. A que vem da Terra é predominantemente Yin. O ser humano está entre estes dois polos de forma a integrar as duas energias na região abdominal.
A percepção de estar saudável ou não vem do equilíbrio entre estas duas forças na região da barriga. Por isto os chineses darem tanto valor a esta região chamada de "campo cultivável".
A Acupuntura, por meio da investigação dos pulsos, pode encontrar a situação do estado desse equilíbrio em termos dos 12 meridianos principais que existem em nosso corpo.
Como intermediários entre o céu e a terra, dividimos equitativamente as energias nutridoras e defensivas e ancestrais nestes canais energéticos que percorrem nosso organismo.
Os pulsos reveladores mostram na mão direita os meridianos do pulmão, intestino grosso, baço, pâncreas, estômago, circulação e sexualidade. Do lado esquerdo revelam o coração, intestino delgado, fígado, vesícula biliar, rim e bexiga.
Existe ainda um quarto pulso relacionado aos estados psíquicos e emocionais.
Mas os chineses não dividiam corpo e mente e nem nosso organismo em órgãos.
Damos estes nomes aos meridianos mais para aproximar um sincretismo ocidental do que para reduzir as energias em funcionalismos e especialidades. Quero dizer, damos estes nomes para aproximar o conceito chines (oriental) ao nosso. Nós tendemos a ser mais racionais e portanto analíticos. O pensamento da tradição da acupuntura exige uma reflexão de síntese.
Parece que ser sintético, às vezes, é muito mais difícil do que ser analítico.
Como não existe o conceito de "especialidades", não existe acupuntura renal, cardiológica, dermatológica, por exemplo.
O organismo é entendido como uma totalidade orgânica e está em constante relação com o meio em que vive.
Tratar um problema de pele, muitas vezes não mostra resultados se não incluirmos a essência do pulmão, por exemplo, ou vice versa.
Não existe tratamento em acupuntura sem que haja adesão da pessoa à cultura dinâmica que a própria acupuntura repousa, isto significa que falar em acupuntura é falar em relação fenomenológica com o meio ambiente, com os estilos de vida; as preferências e as exclusões. Em outras palavras: as escolhas que fazemos.
Portanto alimentação, respiração, contato com a natureza, percepção do meio, pensamentos, ações, movimentos são todos elementos essenciais para compreendermos e vivermos com mais qualidade, atentando para nossos modos de caminhar a vida.
O fato de sermos diferentes quanto ao gosto por um determinado padrão alimentar não nos fazem anormais. Mas é preciso entender que a falta ou exagero de algo, até de água, determinam resoluções que nosso organismo opta em favor da vida. Não existe saúde perfeita. A saúde é a capacidade que temos de engendrar modos e normas que, quando aplicadas de forma justa, trazem sensações e percepções gratificantes e positivas.

Abraços fraternos.

Maurici TF Santos

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